Brasil é líder mundial em assassinatos de pessoas trans
País registrou 152 assassinatos neste ano, seguido de México e Estados Unidos
O Brasil ocupa a primeira posição entre os países que mais matam pessoas trans no mundo, segundo divulgou nesta sexta-feira 20 a ONG Transgender Europe. É o 12º ano consecutivo que o País lidera os números.
Ao todo, o Brasil registrou 152 assassinatos em 2020, seguido por México com 57 e Estados Unidos com 28. O levantamento foi feito por meio de pesquisa feita anualmente pela Associação Nacional de Travestis e Transsexuais (Antra).
No total, 350 casos de assassinatos contra essa população foram registrados em todo o mundo, entre 1º de outubro de 2019 e 30 de setembro deste ano.
O número representa um aumento de 6% em relação aos casos relatados no ano passado, quando 331 pessoas trans perderam a vida devido à violência.
“Como consequência da pandemia da Covid-19, bem como do crescente racismo e da brutalidade policial, as vidas de pessoas trans e de gênero diverso estão em risco ainda maior”, disse a organização em um comunicado à imprensa.
Mulheres são maioria
Os dados mostram que 98% dos assassinados em todo o mundo tinham como vítimas mulheres trans ou pessoas transfeminadas. O resultado reforça outras pesquisas que demonstram que a violência de gênero aparece como um dos principais fatores no assassinato de pessoas trans.
A média de idade das vítimas é de 31 anos. A vítima mais jovem tinha 15 anos.
Uma consequência da “ideologia de gênero”
A responsável pelo levantamento feito pela Antra no Brasil, Bruna Benevides, afirma que há diversos fatores responsáveis por estes números e que a narrativa de “ideologia de gênero” criado pela extrema-direita é uma dos principais. Desde 2011 quando o termo começou a ganhar força os números continuaram aumentando.
“A narrativa criada de ‘ideologia de gênero’ é uma tentativa contra nossa existência. Eles utilizam como argumento porque querem a nossa aniquilação. É uma agenda contra a existência de pessoas trans”, diz Bruna.
Mesmo após a decisão do STF que criminaliza a LGBTfobia, os números de violência aumentaram. Bruna explica que o sistema da Justiça dificulta a prática da lei.
“Uma importante conquista, mas ainda não se efetivou porque as pessoas não sentem seguras para fazer uma denúncia. O Judiciário e a polícia se omitem de fazer um levantamento sobre a violência contra os LGBTs no Brasil”, acusa.
Créditos carta Capital
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