Destinos investem em ações positivas para atrair e acolher viajantes LGBTQ+
Eles viajam cada vez mais e gastam 30% acima do público heterossexual; enquanto isso, uma pesquisa recente aponta que mais de 50% desses viajantes tiveram experiências pouco acolhedoras
Falar em destinos LGBTQ+ pode soar muito século passado para quem está acostumado a viver em locais onde a diversidade e a integração de todas as comunidades faz parte do dia a dia. Mas na hora de programar a próxima viagem é preciso lembrar que, infelizmente, esse acolhimento ainda não é regra em todo o mundo.
Em cerca de 70 países, principalmente na África e Ásia, a homossexualidade é considerada crime e pode levar a detenções e até pena de morte.
“Não apenas isso, as comunidades LGBTQ+ são melhores aceitas em alguns lugares do que em outros. Há destinos onde ser uma família LGBTQ+ ou mostrar afeição em público pode ser mal visto ou inseguro”, afirma Simon Mayle, diretor da Proud Experiences, evento que será realizado em Nova York, de 27 e 29 de junho, para dar visibilidade global à indústria de turismo e à experiências voltadas ao público LGBTQIA+.
Pesquisa realizada em 2021 pela plataforma Booking.com entre viajantes LGBTQ+, apontou que 53% tiveram experiências pouco acolhedoras ou desconfortáveis durante a hospedagem e 65% disseram considerar os fatores segurança e bem-estar ao escolher um destino.
“Não adianta ter a paisagem mais linda ou as melhores atrações se a segurança, receptividade, adequação de linguagem e treinamento dos prestadores de serviço não forem trabalhados para receber esse público”, reforça Alexandro Bernardes, idealizador e diretor da LGBT+ Turismo Expo (antigo Fórum de Turismo LGBT do Brasil), que este ano será realizado em 26 de julho, no hotel Fairmont, no Rio de Janeiro.
A cidade, que sempre esteve na lista das mais procuradas por esse público, parece estar ainda mais em alta depois da pandemia. Assim como outros destinos brasileiros como Pipa (RN), Bonito (MS), Recife (PE) e Ceará.
Revertendo o alerta feito em 2019 pelo guia internacional GayCities, que apontava o Brasil como lugar a não ser visitado frente às declarações do governo e os alarmantes índices de violência.
“Os governos e órgãos oficiais de turismo desses locais vêm investindo em capacitação do trade para modernizar a linguagem, os receptivos e a logística. Não é só bandeirinha nos estabelecimentos no mês do orgulho. São ações que entraram no escopo geral das campanhas de promoção”, diz Bernardes. “Foi muito legal ver esse movimento”, completa.
Na prática, isso significa, por exemplo, sempre incluir um casal homoafetivo nas peças publicitárias, treinar as equipes a perguntar a um cliente trans como gostaria de ser chamado, ou não gerar constrangimento ao ser solicitada uma cama de casal para hóspedes do mesmo sexo.
“Com as fronteiras fechadas, fomos obrigados a impor nossa presença e aceitação no mercado nacional durante a pandemia. E esses mercados entenderam a robustez do nosso potencial de consumo”, explica do diretor da Turismo Expo, feliz por, pela primeira vez, ter um equilíbrio entre expositores nacionais e internacionais no evento.
Dados da Organização Mundial do Turismo e da empresa de pesquisa Community Market & Insights (CMI), especializada no mercado LGBTQ+, apontam que o segmento LGBT responde por 10% dos viajantes globais, com taxa de crescimento de 11% ao ano, e gastos 30% acima do público heterossexual.
Em 2018, o poder de consumo do público LGBT+ no mundo era em torno de US$ 3,6 trilhões, segundo levantamento feito pela assessoria corporativa LGBT Capital. Montante que pode ter chegado a cerca de US$ 107 bilhões só no Brasil.
Ainda que a transversalidade do público possa apontar para interesses diversos, indo do ecoturismo ao turismo religioso, gastronômico ou cultural, locais de praia, com festivais de música e paradas do Orgulho LGBT são fatores de atração.
Que o diga São Paulo, onde é realizado o principal evento LGBTQ+ da América Latina, a Parada do Orgulho LGBT, com direito a menção honrosa no Guiness Book como “a maior do mundo”. Este ano o evento está agendado para dia 19 de junho.
Cidade do México, Buenos Aires, Nova York, São Francisco e Madrid também entram na lista de cidades icônicas, segundo levantamento recente apresentado pelo site Kayak, pela grandeza de suas paradas e por historicamente acolherem a comunidade com empatia, carinho e segurança.
Além dessas, Rio de Janeiro, Miami (EUA), Sidney (Austrália) e Ibiza (Espanha) seguem no topo da lista dos “hot spots” para a comunidade.
Mas a cidade japonesa de Osaka, que vêm trabalhando fortemente para a atração desse público, com direito a ações e pacotes especiais, tais como o Drag Queen Experience, que inclui makeover experience, bar hopping (tour por bares) e festa privativa com a presença de uma drag local.
Também aparece no ranking a cidade do Porto, em Portugal, que entra no radar graças à primeira edição do LGBT+ Music Festival. Marcada para 1º a 3 de julho, já tem presenças confirmadas de Melanie C (ex-Spice Girls), Ludmilla e Gloria Groove no line up.
A ilha de Formenteira, na Espanha, e a Grécia também são apontados como destinos do momento para todo tipo de público. Mas sabidamente acolhedores para toda a comunidade LGBTQ+.
Serviço
Parada do Orgulho LGBT
Quando: 19 de junho, às 14 horas
Onde: Avenida Paulista – São Paulo
http://paradasp.org.br/
Proud Experiences
Quando: 27 a 29 de junho
Onde: Hotel Brooklyn Bridge – Nova York
https://www.proudexperiences.com/
LGBT+ Music Festival
Quando: 1 a 3 de julho
Onde: Porto, Portugal
https://lgbtmusicfestival.com/pt
LGBT+ Turismo Expo
Quando: 26 de julho
Onde: Fairmont Rio de Janeiro
https://www.lgbtmaisturismoexpo.com.br/
Drag Queen Experience
https://visitgayosaka.com/
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