Pesquisa inédita mostra que a comunidade LGBTQIA+ tem muito que lutar
Levantamento mostra que a maior parte da comunidade não fala sobre a sua orientação sexual ou identidade de gênero no trabalho, enquanto enfrenta hostilidade no ambiente familiar e reprovação ao demonstrar afeto em público
Quem realmente somos?
Ou melhor, quem realmente somos enquanto comunidade LGBTQIAPN+?
Às vezes, conhecemos alguns de nós antes de reconhecermos a nós mesmos.
Sem olhar pesquisas e apenas contar com a percepção podemos dizer: Somos Muitos.
Mas muitos quantos? Faz diferença sim saber quantos e onde estamos.
Dos diversos olhares de quem carrega o peso da bandeira somos, assumidamente, quase 16 milhões de pessoas, o que corresponde a 9,3% da população brasileira, de acordo com números divulgados hoje pela parceira das Havaianas com o instituto Datafolha. Foram 3.674 pessoas a partir de 16 anos que responderam a perguntas ressignificadas em dados capazes de promover avanços para a população LGBTQIA+.
Como transformar a realidade sem antes conhecê-la? Essa foi uma das principais questões discutidas para se chegar na necessidade do estudo, como contou a vice-presidente de Marketing da marca, Maria Fernanda Albuquerque: “O que você não consegue medir, você não consegue transformar. O dado que você não consegue ver, em linhas gerais não existe.”
E sim, existimos e estamos inseridos nessa sociedade que tudo faz para nos expulsar. constatação que infelizmente se revela em números já que 62% da população economicamente ativa não se sentem confortáveis em falar sobre sua orientação sexual ou identidade de gênero no trabalho. E esse assunto é abordado às vezes, raramente ou nunca. Que triste.
E não para por aí: 17% da população LGBTQIAPN+ disseram que sempre sofrem discriminação.
Apenas 34% das pessoas, que não se declaram da comunidade concordam totalmente que consideram comum demonstrações de afeto entre casais homoafetivos em público.
E pra fechar, uma em cada quatro pessoas que não se identificam como LGBTQIAPN+ não concorda totalmente que pessoas da comunidade devem ter os mesmos direitos que qualquer cidadão.
Como lutar pelos nossos direitos quando ainda há boa parte da população que não acredita que nós devemos ser assegurados?
Segundo a Maria Fernanda, essa ação pode começar através de iniciativas corporativas, como a que aconteceu para que essa pesquisa fosse feita. “As empresas ganharam um papel muito relevante na sociedade. Elas devem se posicionar de acordo com as suas crenças, valores e fazer essa amplificação de voz da comunidade, mostrar para o mundo. É fundamental essa participação, esse posicionamento, essa postura ativa de transformação”, afirmou.
E essas mudanças não se restringem apenas ao território nacional, já que 69 países possuem alguma lei que criminaliza a comunidade LGBTQIAPN+. Nesse sentido, a ONG All Out em quase todos os continentes e busca promover ações em parceria com organizações locais, como explica a Ana Andrade, gerente sênior de campanhas da All Out na América Latina:
“O fato de estarmos engajados com esses movimentos no mundo inteiro ajuda a apoiar as lutas nos momentos em que elas mais precisam da nossa ajuda. Acho que o mais importante para mim é justamente esse aspecto global e de parceria, de não fazer nada sozinho, porque a gente acredita muito na construção coletiva do ativismo.”
Sem essas parcerias internacionais, a resistência seria ainda mais árdua até mesmo dentro de casa. A pesquisa mostrou ainda que, em comparação com o restante da população, a hostilidade ou preconceito dentro da família é 16 pontos percentuais maior entre pessoas LGBTQIAPN+.
Somos pessoas como qualquer outra. Não tem nada de errado com a nossa existência, não tem nada de errado com a forma como a gente ama, como a gente vive, como a gente faz as nossas coisas
Lembra daquele um em cada quatro que acredita que nós da comunidade não devemos ter os mesmos direitos que o resto da população? Esse é o errado. E para que ele perca a força precisamos dar luz aos números que mostram os desafios para manter a bandeira erguida.
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