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LGBTQIA+ Indígena transexual se torna cacique de aldeia em MT: 'Corpo de homem e espírito de mulher'

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Indígena transexual se torna cacique de aldeia em MT: 'Corpo de homem e espírito de mulher' 

Majur Traytowu, de 30 anos, assumiu o cargo após o afastamento do pai por problemas de saúde.



Majur Traytowu assumiu o posto de cacique no lugar do pai  — Foto: Majur Traytowu/Arquivo pessoal

Majur Traytowu assumiu o posto de cacique no lugar do pai — Foto: Majur Traytowu/Arquivo pessoal

Majur Traytowu, 30 anos, indígena e transexual, se tornou, oficialmente, cacique da Aldeia Apido Paru da Terra Indígena Tadarimana, em Rondonópolis, a 218 km de Cuiabá, há cerca de um mês, após o pai de 79 anos se afastar do cargo por motivos de doença.

Ao G1, Majur contou que começou a se descobrir como transexual aos 12 anos e, aos 27 anos, quando a família fundou a Aldeia Apido Paru, ela passou a ajudar o pai nas tomadas de decisões.

"Fui me observando e cheguei a conclusão que sou trans. Meu comportamento, os gostos e também a atração por outros meninos foi crescendo. Foi então que descobri que nasci em um corpo de homem, mas com espírito de mulher", relatou.

Majur Traytowu é indígena e transexual  — Foto: Majur Traytowu/Arquivo pessoal

Majur Traytowu é indígena e transexual — Foto: Majur Traytowu/Arquivo pessoal

Na adolescência, a trans foi convidada a participar de reuniões, eventos e outros assuntos que envolvem a comunidade. Segundo ela, os indígenas sempre aceitaram sua transexualidade.

"Aos 12 anos, foi crescendo a minha vontade de ser uma liderança que pudesse ajudar na luta do nosso povo. Mesmo o meu pai sendo cacique na Apido Paru tudo passava por mim. Na aldeia, sempre fui aceita pelo povo e isso é bem tranquilo até hoje", pontuou.

Há 18 anos, a região onde mora não tinha internet, celular ou qualquer outra tecnologia para se conectar ao que estava acontecendo ao redor.

"Naquela época foi muito difícil intermediar o nosso povo com as demais pessoas, mas, mesmo diante dessas dificuldades, nunca desisti", disse.

Majur Traytowu, de 30 anos, é cacique da Aldeia Tadarimana  — Foto: Majur Traytowu/Arquivo pessoal

Majur Traytowu, de 30 anos, é cacique da Aldeia Tadarimana — Foto: Majur Traytowu/Arquivo pessoal

Em 2017, Majur concluiu o ensino médio e quase dois anos passou em uma prova em Goiânia para cursar fisioterapia e antropologia, e no mesmo período também foi aprovada em um processo seletivo para agente de saúde indígena.

"Estava entre 'a cruz e a espada'. Ou eu me mudava para a cidade fazer faculdade ou ficava para cobrir a vaga de posto de Agente Indígena de Saúde (AIS). Decidi ficar e trabalhar para estar mais perto do povo. Hoje tenho mais de três anos como agente e agora também assumo o posto de cacique da minha aldeia", contou.

Cacique, oficialmente

Os caciques são escolhidos por votação que, geralmente, acontece a cada dois anos. No entanto, Majur assumiu a liderança da aldeia, oficialmente, logo após o afastamento do pai, sem eleição. Os demais indígenas, segundo ela, aceitaram, sem questionamentos.

"Faz tempo que atuo como 'cacique', pois antes do meu pai tomar as decisões, ele passava por mim e eu dava a palavra final. Há um mês, ele ficou doente e tive que me assumir como cacique da aldeia. Todos me deram total liberdade para tomar as decisões das coisas, mesmo sendo o filho caçula", explicou.

Majur tem cerca de 20 irmãos por parte de pai e de mãe.

"Hoje me sinto um pouco realizada, não totalmente, mas com essa trajetória até aqui me sinto importante como Majur e como liderança. O plano é continuar com essa luta pelo povo até me realizar por completa. Pretendo fazer medicina, ter uma vida social estável e também criar uma família", disse.

A reserva indígena Tadarimana possui cerca de 800 indígenas divididos em sete aldeias, com área de aproximadamente 10 mil hectares.

Créditos G1


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